quarta-feira, 8 de junho de 2011

Uma semana a 540 quilômetros de São Paulo



Impressões:


Terça-feira, 11h45AM. O silêncio é quebrado por um berro. “Jooooooooooooooooorrrnal”... Um petardo voa por cima do muro e, ploft, cai bem na porta de casa. A Folha chegou.  Noções de tempo e silêncio são diferentes por lá.

No interiorzão o boi é um animal completo, não feito só de picanha e filé mignon ou, sendo otimista, fraldinha, como na capitar... No boteco bacana da cidade (e põe bacana nisso), cupim grelhado em cubos com cebola em meia-lua e mandioca. FG! E nada de réchaud para esturricar a carne, só uma frigideira de ferro quente para segurar o calor (como faziam no saudoso Rabo de Peixe). Pede cupim dentro do centro expandido em São Paulo para ver... só para lá das marginais.

O modelo econômico vigente é diferente.  O mesmo boteco bacana cobra R$ 4,90 na SerraMalte trincando... É ou não é coisa de PhD em macroeconomia, com tese em tendências e desafios do varejo?

Ainda no capítulo carne, para comprar um belo carneiro ou cordeiro para churrasquear, devidamente temperado ou in natura, você não precisa ter cartão black infinitum no limits e frequentar a griffe da carne. Basta morar há tempo suficiente na cidade ou ter bons informantes para saber que o açougue do, digamos, Berdinazi faz por encomenda para você. Ou que no fundo do sobrado dos Mezzenga tem uma loja para churrasco mais limpa que a UTI do Einstein e mais apetitosa que foto de cardápio.

Do ponto-de-vista paterno, posso dizer que o complexo de lazer de qualquer grande condomínio de luxo jardimpaulistano, ou moemense, ou klabiniano, ou qualqueroutrobairrano paulistano perde de 10 a 0 para o simples fato de poder brincar na rua. Que o digam meus pequenos sentados na calçada, descalços, olhando as formigas trabalharem – e amassando algumas.

Por falar em crianças, olhá-los andando pelas ruas de paralelepípedos, pilotando motoca na calçada e fazendo bagunça com a mangueira na casa da vó trouxe excelentes lembranças da minha infância... um pouco mais perto, há 170 quilômetros da capitar. Aposto que lá ainda tem tudo supracitado até hoje, ‘poucos anos’ depois... só a Folha que chega mais cedo – são 370 quilômetros a menos pro entregador pedalar.

Só podiam perder aquela mania horrorosa ao telefone:
- Alô?
- Quem?
- Ahn?
- Quem?
- Quem o quê, meu?
- Quem está falando, ô paulista burro?
VSF!

Prometo que da próxima vai ser:
- Alô?
- Quem?
- Eu...
- Eu quem?
- Eu mesmo!
- Caraio, da onde?
- Daqui, caipira* otário!

Abs!

* Antes que eu sofra bullying virtual pela brincadeira, nasci no interior, passei todas as minhas férias lá e arrasto um erre do caraio quando vorto pra São Paulo.

2 comentários:

  1. Não é pq vc arrasta o erre que vai sair impune desse comentário idiota.... Te pego na saída seu almofadinha de merda...

    Palmas!
    Seu bestpostever

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  2. Charles, fica por conta daquele knockout na enseada, 'lutando' jiu-jitsu... descobri que areia é mais dura que parece.

    E thanks, vindo do pimentanozoio is priceless... caraio!

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